Débora
FD 24.5
Havendo novamente se separado de Deus pela idolatria, os israelitas foram severamente oprimidos por esses inimigos. As propriedades e até a vida do povo estavam em constante perigo. Por isso as aldeias e as habitações isoladas foram abandonadas, e o povo reuniu-se nas cidades muradas. As estradas principais não eram usadas, e as pessoas iam de um lugar para outro por caminhos pouco freqüentados. Nos lugares em que se tirava água, muitos eram assaltados e até assassinados, e para aumentar sua aflição, os israelitas estavam indefesos. Entre quarenta mil homens, não se encontrou uma só espada ou lança.FD 25.1
Durante vinte anos, os israelitas sofreram sob o jugo do opressor; então eles se voltaram de sua idolatria, e em humildade e arrependimento clamaram ao Senhor por livramento. E não clamaram em vão. Habitava em Israel uma mulher, famosa por sua religiosidade, e por meio dela o Senhor escolheu livrar o Seu povo. Seu nome era Débora. Era conhecida como profetisa, e na ausência dos costumeiros juízes, o povo se dirigia a ela em busca de conselho e justiça.FD 25.2
O Senhor comunicou a Débora o Seu propósito de destruir os inimigos de Israel, e mandou-a chamar um homem por nome Baraque, da tribo de Naftali, e dar-lhe a conhecer as instruções que recebera. Ela, então, chamou Baraque, e o instruiu a reunir dez mil homens das tribos de Naftali e Zebulom, a fim de guerrear contra o exército do rei Jabim. — E Recebereis Poder, 259.FD 25.3
Baraque sabia que os hebreus estavam dispersos, desalentados e desarmados, e conhecia a força e destreza de seus inimigos. Embora tivesse sido escolhido pelo próprio Deus para libertar a Israel, e recebido a garantia de que Deus estaria com ele e subjugaria os seus inimigos, era tímido e receoso. Ele aceitou a mensagem de Débora como sendo a palavra de Deus, mas tinha pouca confiança em Israel, e temia que eles não obedecessem à sua convocação. E recusou envolver-se nesse empreendimento duvidoso a menos que Débora o acompanhasse e apoiasse seus esforços através de sua influência e conselho. Débora consentiu, mas garantiu-lhe que, devido à sua falta de fé, a vitória obtida não traria honra a ele, pois Sísera seria traído às mãos de uma mulher. [...]FD 25.4
Os israelitas se haviam estabelecido num local fortificado nas montanhas, a fim de aguardar uma oportunidade favorável para atacar. Animado pela certeza dada por Débora de que havia chegado o dia de assinalada vitória, Baraque conduziu seu exército pela planície aberta, e ousadamente investiu contra o inimigo. O Senhor dos Exércitos guerreou por Israel, e nem a destreza bélica nem a superioridade de homens e equipamento pôde resistir-lhes. Os exércitos de Sísera foram tomados de pânico; aterrorizados, buscavam apenas descobrir como escapar. Numerosos guerreiros foram mortos, e a força do exército invasor foi completamente destruída. Os israelitas agiram com coragem e prontidão; mas só Deus poderia ter desbaratado o inimigo, e a vitória podia ser unicamente atribuída a Ele. — Refletindo a Cristo, 321.FD 25.5
Quando Sísera viu que seu exército fora derrotado, saltou do seu carro e escapou a pé, como um soldado comum. Aproximando-se da tenda de Héber, um dos descendentes de Jetro, o fugitivo foi convidado a encontrar abrigo ali. Na ausência de Héber, Jael, sua esposa, cortesmente ofereceu a Sísera leite para beber e uma oportunidade de repouso, e o exausto general caiu logo no sono.FD 26.1
Jael, a princípio, ignorava a identidade do hóspede, e resolveu ocultá-lo; mas quando soube, depois, que ele era Sísera, o inimigo de Deus e do Seu povo, mudou de propósito. Enquanto ele jazia adormecido diante dela, Jael dominou sua natural relutância diante de um ato como aquele, e o matou, cravando-lhe uma estaca na fonte, prendendo-o à terra. Quando Baraque, em perseguição ao inimigo, passou por aquele caminho, foi convidado por Jael a contemplar o jactancioso capitão morto, a seus pés — morto pela mão de uma mulher.FD 26.2
Débora comemorou a vitória de Israel num cântico muito exaltado e sublime. Ela atribuiu a Deus toda a glória do livramento deles, e mandou que o povo O louvasse por Suas obras maravilhosas. E Recebereis Poder, 259. Ela conclamou os reis e príncipes das nações ao redor para que ouvissem o que Deus realizara em favor de Israel, e ficassem advertidos quanto a não causar-lhe dano. Ela mostrou que a honra e o poder pertencem a Deus, e não a homens ou a seus ídolos. Descreveu as extraordinárias manifestações da majestade e do poder divino exibidas no Sinai. Expôs perante Israel sua indefesa e aflitiva condição, sob a opressão dos inimigos, e relatou com veemente linguagem a história de sua libertação. — The Signs of the Times, 16 de Junho de 1881.FD 26.3